Educação

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O brincar na Educação Infantil

Por: Mirian Araújo do Amor Divino.


Antigamente o uso de brincadeiras,( como) jogos e brinquedos em sala de aula era para passar o tempo ou para manter os alunos por um momento quietos em sala. Os brinquedos, jogos e brincadeiras(os mesmos) não eram utilizados ou vistos como fonte de aprendizagem,(para a escola não existia um cunho pedagógico) e por este motivo na escola não assumiam cunho pedagógico na escola(utilizava apenas como atrativo e passa tempo sendo que nas escolas tradicionais nem como atrativo utilizava).
A Educação Infantil ( é recomendado utilizar os jogos e brincadeira como uma fonte inesgotável de aprendizagem e desafios tanto quanto a ) pode utilizar-se de jogos e da literatura para ensinar tanto a Escrita e a Oralidade, quanto a Matemática, a Natureza e Sociedade, Movimento, Musica e Artes visuais, basta o docente estar preparado para mediar essas aulas de forma a explorar o lúdico sem retirar o prazer da crianças nos jogos ou histórias. Pois, como diz SMOLE, “Brincar é tão importante e sério para a criança como trabalhar é para o adulto.”, ao ser trabalhado em sala de aula com jogos e histórias não se deve retirar a magia da história ou o prazer do jogo e sim aproveitar das sensações das crianças para aprofundar os conteúdos a serem trabalhados.
Sabendo-se que a criança aprende ao brincar e executa seus aprendizados no decorrer de suas brincadeiras, porque não utilizar-se dessa “ferramenta” para trabalhar todos os conceitos possíveis? Pois “Ao brincar, jogar, imitar e criar ritmos e movimentos, as crianças também se apropriam do repertório da cultura social na qual estão inseridas” (RCNEI, 1998 , p. 15). Um exemplo freqüente é que crianças que convivem em ambientes violentos, brincam e jogam de maneira violenta, retratando na maioria das vezes as violências sofridas no ambiente familiar.
Ao se pensar em aulas com brincadeiras não se deve perder o foco de que a criança aprende ( através da ) na experiência, ou seja, que as crianças tem que brincar da brincadeira ( com um propósito)proposta e a partir deste brincadeira o docente deve ir mediando problematizações que levem os alunos a pensarem sobre suas experiências e a resolverem situações-problema que possam surgir durante a brincadeira.
Segundo KISHOMOTO (2003, p. 17) “Manipulando e brincando com materiais como bolas e cilindros, montando e desmontando cubos, a criança estabelece relações matemáticas e adquire conhecimentos de Física e Metafísica, além de desenvolver noções estéticas.” Apenas no brincar com alguns materiais que para um adulto não faça sentido, a criança cria conceitos sobre os mais variados temas, conceitos esses que devem ser questionados na escola, não desfazendo do que a criança traz como bagagem de conhecimento e sim trazendo uma nova visão sobre o assunto e dando a oportunidade da criança chegar a uma conclusão do que lhe foi apresentado.
A criança não adentra na escola como uma folha em branco, ela já traz impressões que são feitas através das brincadeiras realizadas em casa, através do convívio com os pais ou responsáveis, e a escola tem a função de aprimorar esses conhecimentos. Segundo ARRIBAS (2004), a educação é, portanto, competência de pais e educadores, que, de forma compartilhada, devem encontrar as coordenadas adequadas de atuação e de colaboração.
Para os pais a criança vai para a escola para aprender e não para brincar, por que brincar é em casa e escola é lugar sério, porém deve ser levado ao conhecimento dos pais que ( através dos jogos e brincadeiras a mesma evolui em suas habilidades motoras cognitiva em suas percepções dentre outros, pois a criança aprendem através do contato e da visualização, tornando assim uma aprendizagem significativa e prazerosa com descreve o RCNEI’S.) as crianças aprendem com mais facilidade quando estão experimentando ou brincando, porque para ela o brincar tem mais sentido do que a professora explicando o assunto.
Um exemplo desta constatação é a utilização do jogo de amarelinha no ensino de matemática, pois o jogo constitui-se de um diagrama formado de quadrados perfeitos, que são numerados em ordem de 1 a 10, e contribui para que a criança adquira o conhecimento do seu esquema corporal, como o equilíbrio, que a criança tenha noções de vida em sociedade, pois no decorrer do jogo, tem que seguir a ordem de quem joga, tem que respeitar a hora do outro, tem que seguir as regras do jogo. Porém mesmo trabalhando-se esses conteúdos o jogo da amarelinha não perde sua essência de jogo, as crianças aprendem brincando e se divertindo.
O aprendizado através das brincadeiras pode ser diagnosticado através do registro que deve ser feito após a realização da brincadeira, esse registro pode ser feito coletivamente em um “livro da sala” onde são feitos os registros do que ocorreu dia-a-dia pela professora juntamente com os alunos, ou através de desenhos (tratando-se da Educação Infantil) que reflitam o sentimento das crianças durante a brincadeira e que mostrem sua aprendizagem.
O Brincar faz com que a criança conviva naturalmente com os problemas, despertando a vontade de buscar soluções constantemente para superar os desafios a ela imposta. A partir das brincadeiras a criança vai desenvolvendo consciência corporal, sua consciência do outro, percebe o espaço que o cerca e como pode explorá-lo. Além disso, a brincadeira na Educação Infantil é fundamental para a construção da identidade e autonomia, favorecendo o desenvolvimento de capacidades importantes, tais como: atenção, memória, imaginação e socialização.
Através do brincar a criança desenvolve a criatividade, a afetividade e consegue traduzir seus sentimentos e pensamentos. Dessa forma atribui sentido ao seu mundo e se apropria de conhecimentos que ajudarão a agir sobre o meio em que está inserido. O brincar mesmo sendo uma atividade lúdica é essencial para a criança, pois esta adquire hábitos importantes para seu convício social.
No trabalho com a Educação Infantil a utilização de músicas traz além do relaxamento, o conhecimento para as crianças, muitas brincadeiras são realizadas através de músicas, como por exemplo as brincadeiras de roda, de corda e etc. pois as musicas além de terem um ritmo que as crianças gostam, as musicas podem conter mensagens e conteúdos a serem trabalhados. Na brincadeira de pular corda por exemplo tem musicas que ensinam a contar como: “Seu marido morreu deixou você cheia de filhos; um, dois, três...” e vai contando até que a pessoa erre o pulo.
Tem brincadeiras de roda como “escravo de jó” que pode ser utilizada como forma de abertura de uma aula para falar sobre a escravidão, sobre preconceito racial, cultural, de gênero e etc., pois atualmente quando se vai falar do tema preconceito racial ou sobre o dia da consciência negra utiliza-se a história “menina bonita do laço de fita”, que as crianças já conhecem e já estão enfadadas de ouvir. Para se obter um resultado proveitoso de aprendizado é necessário inovar a prática docente agregando novas ferramentas às aulas.
Segundo Pimenta (1999),
Um dos saberes da docência, a experiência, é aquela que os professores produzem no seu cotidiano, em um processo constante de reflexão sobre sua pratica, levando em conta a observação das práxis dos seus colegas e os referencias teóricos que as embasam.

O docente agregar novas ferramentas a sua práxis educativa não quer dizer que este deve abandonar as teorias aprendidas e as técnicas de ensino, pois agregar quer dizer somar ao que já se tem e não substituir por completo tudo o que se adquiriu ao longo de um processo de formação pessoal do docente. A licenciatura de pedagogia permite ao educando fazer estágio em diversas áreas da educação e propícia a este o conhecimento de teorias e técnicas de ensino que podem ser utilizadas e aprimoradas para uma práxis educativa que vise o desenvolvimento de seus alunos.
Toda brincadeira infantil já tem um sentido próprio porém o docente ao utiliza-la em suas aulas pode acrescentar novos sentidos a brincadeira, visando fazer com que os alunos adquiram não só conhecimentos na área do Movimento, das Artes Visuais, da Natureza e Sociedade, da Matemática mas também na Linguagem Oral e escrita, pois o registro feito após cada brincadeira deve impulsionar os alunos a utilização da leitura e da escrita, mesmo que esta leitura seja silábica e que esta escrita não seja tão legível no inicio, pois “a pratica é que leva a perfeição”, se a criança tiver gosto pela escrita durante o ano letivo, ela terá ao final deste uma escrita bem desenvolvida.
O gosto pela escrita pode instigado pelo professor da Educação Infantil como o simples jogo da forca que consiste em ditar letras para montar a palavra que encontra-se em oculto. Além de ser um jogo divertido, ele por si só traz conhecimento para os educandos a respeito da forma de escrita das palavras, ou seja, a criança vai estar aprendendo a escrever e a ler de forma tão prazerosa que a prática da escrita vai ser instantânea.
A Educação Infantil tem evoluído muito e para melhor, a utilização de jogos, brinquedos e brincadeiras para educar tem tornado as aulas das crianças mais prazerosas e seu aprendizado tem tido um melhor rendimento. Por um lado as crianças tem prazer de ir a escola, pois lá eles podem brincar e aprender, e os pais percebem o seu desenvolvimento nas diversas áreas do conhecimento. Mesmo alguns pais que são conservadores da metodologia tradicional de ensino com atividades para casa, com aulas onde o professor já traz o assunto com ponto final, tem se dobrado ao conhecimento que é construído pelas crianças através do simples brincar.
Educadores e estudiosos tem dado maior valor para a utilização de brincadeiras para o ensino de crianças, porém deve-se pensar em fazer com que o lúdico transpasse a barreira de que só a criança aprende brincando, que só a criança aprende ludicamente. Deve-se levar em consideração que todo ser humano tem o seu lado lúdico, porém a criança o revela a todo tempo, e muitas vezes esse lado é sufocado ao longo da vida. Isso pode ser constatado no Ensino Fundamental, pois na Educação Infantil o aluno é impulsionado a aprender brincando, a desenhar e ao chegar ao Fundamental é retirado o lúdico das aulas.
Retira-se da criança o gosto pela escola ou pela aprendizagem, por sempre se apegar ao dito popular “ escola é coisa séria”, “aprendizado é coisa séria”, esquecendo-se que para a criança brincar é coisa séria, ter momentos lúdicos é coisa séria, e associar o brincar ao aprender produz resultados inimagináveis. A criança gosta e aprende, os pais aprovam e a educação evolui, quando a escola toma a iniciativa de ser um ambiente de aprendizagem prazerosa, que cause nas crianças o desejo de estar neste ambiente.
Pois como diz Platão: “Não eduques as crianças nas várias disciplinas recorrendo à força, mas como se fosse um jogo, para que também possas observar melhor qual a disposição natural de cada um.”



Referências:

ARRIBAS, Tersa Lleixà (Org). Educação Infantil: desenvolvimento, currículo e organização escolar. Porto Alegre: Artmed, 2004.

BRASIL. Referencial Curricular Nacional Para Educação Infantil. Ministério da
Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental de Brasília. MEC/SEF, 1998. Volume 3.

KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O jogo na educação infantil. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.

PIMENTA, Selma Garrido. Formação de professores: Identidade e saberes necessários da docência. In:_____. Saberes pedagógicos e atividade docente. São Paulo: Cortez, 1999.

SMOLE, Kátia Stocco (Org.). Coleção matemática de 0 a 6: Brincadeiras infantis nas aulas de matemática. Porto Alegre: Artes Medicas, 2000. Volume 1.