O que é deficiência física?
São complicações que levam à
limitação da mobilidade e da coordenação geral, podendo também afetar a fala,
em diferentes graus. As causas são variadas - desde lesões neurológicas e
neuromusculares até má-formação congênita - ou condições adquiridas, como hidrocefalia
(acúmulo de líquido na caixa craniana) ou paralisia cerebral.
As crianças com deficiência física, em geral, têm dificuldades
para escrever, em função do comprometimento da coordenação motora. O
aprendizado pode se tornar um pouco lento, mas, exceto nos casos de lesão
cerebral grave, a linguagem é adquirida sem grandes empecilhos.
Os principais tipos de deficiência física, segundo o Decreto nº
3.298 de 20 de dezembro de 1999, são: paraplegia, perda total das funções
motoras dos membros inferiores; tetraplegias, perda total da função motora dos
quatro membros e hemiplegia, perda total das funções motoras de um hemisfério
do corpo. Ainda são consideradas as amputações, os casos de paralisia cerebral
e as ostomias (aberturas abdominais para uso de sondas).
Dependendo da área do cérebro afetada, a pessoa com deficiência
física pode apresentar, também, dificuldades na aquisição da linguagem, na
leitura, na escrita, na percepção espacial e no reconhecimento do próprio
corpo.
Como lidar com a deficiência física
na escola?
Adequar a estrutura do prédio da escola é primordial para receber
alunos com deficiência física. Rampas, elevadores (quando necessário),
corrimões e banheiros adaptados atendem às crianças com diferentes dificuldades
de locomoção.
Para facilitar a mobilidade dos alunos nas atividades desenvolvidas
em sala, pode-se utilizar tecnologias assistivas ou aumentativas, como
engrossadores de lápis, apoios para os braços, tesouras adaptadas e quadros
magnéticos. Respeite o tempo de aprendizagem desses alunos, que podem demorar
mais para executar determinadas tarefas, e conte sempre com a ajuda do
Atendimento Educacional Especializado (AEE).
Alguns alunos com deficiência física podem requerer cuidados
especiais na hora de ir ao banheiro, necessitando de um acompanhante. Nos casos
de hidrocefalia, é preciso que o professor observe o aparecimento de sintomas
como vômitos e dores de cabeça, que podem significar problemas com a válvula
implantada na cabeça da criança para conter o acúmulo de líquido.
O que é deficiência auditiva?
É a perda parcial ou total da audição,
causada por má-formação (causa genética), lesão na orelha ou nas estruturas que
compõem o aparelho auditivo.
A deficiência auditiva moderada é a incapacidade de ouvir sons com
intensidade menor que 50 decibeis e costuma ser compensada com a ajuda de
aparelhos e acompanhamento terapêutico. Em graus mais avançados, como na perda
auditiva severa (quando a pessoa não consegue ouvir sons abaixo dos 80
decibeis, em média) e profunda (quando não escuta sons emitidos com intensidade
menor que 91 decibeis), aparelhos e órteses ajudam parcialmente, mas o
aprendizado de Libras e da leitura orofacial, sempre que possível, é
recomendado.
Perdas auditivas acima desses níveis são consideradas casos de
surdez total. Quanto mais agudo o grau de deficiência auditiva, maior a
dificuldade de aquisição da língua oral. É importante lembrar que a perda da
audição deve ser diagnosticada por um médico especialista ou por um
fonoaudiólogo.
Como lidar com a deficiência
auditiva na escola?
Toda escola regular com alunos com deficiência auditiva tem o
direito de receber um intérprete de Libras e material de apoio para as salas de
Atendimento Educacional Especializado (AEE). Para isso, recomenda-se que a
direção da escola entre em contato com a Secretaria de Educação responsável.
No dia a dia, posturas simples do professor em sala facilitam o
aprendizado do aluno surdo. Traga- o para as primeiras carteiras e fale com
clareza, evitando cobrir a boca ou virar de costas para a turma, para permitir
a leitura orofacial no caso dos alunos que sabem fazê-lo. Dê preferência ao uso
de recursos visuais nas aulas, como projeções e registros no quadro negro.
Para os alunos com perda auditiva severa ou surdez, a aquisição da
Língua Brasileira de Sinais é fundamental para a comunicação com os demais e
para o processo de alfabetização inicial. O aprendizado de libras ocorre no
contraturno, nas salas de AEE.
É importante que professores da escola solicitem treinamento para aprender
libras ou peçam o acompanhamento de um intérprete em sala. Isso garante a
inclusão mais efetiva dos alunos.
O que é deficiência visual?
É o comprometimento parcial (de 40 a
60%) ou total da visão. Não são deficientes visuais pessoas com doenças como
miopia, astigmatismo ou hipermetropia, que podem ser corrigidas com o uso de
lentes ou em cirurgias.
Segundo critérios estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde
(OMS) os diferentes graus de deficiência visual podem ser classificados em:
- Baixa visão (leve, moderada ou profunda):
compensada com o uso de lentes de aumento, lupas, telescópios, com o auxílio de
bengalas e de treinamentos de orientação.
- Próximo à cegueira:
quando a pessoa ainda é capaz de distinguir luz e sombra, mas já emprega o
sistema braile para ler e escrever, utiliza recursos de voz para acessar
programas de computador, locomove-se com a bengala e precisa de treinamentos de
orientação e de mobilidade.
- Cegueira: quando não
existe qualquer percepção de luz. O sistema braile, a bengala e os treinamentos
de orientação e de mobilidade, nesse caso, são fundamentais.
O diagnóstico de deficiência visual pode ser feito muito cedo,
exceto nos casos de doenças degenerativas como a catarata e o glaucoma, que
evoluem com o passar dos anos.
Como lidar com a deficiência visual
na escola?
A escola pode recomendar aos pais e responsáveis que busquem fazer
o exame de acuidade visual das crianças sempre que notarem comportamentos
relacionados a dificuldades de leitura, dores de cabeça ou vista cansada
durante as aulas.
Compartilhe a organização dos objetos da sala de aula com o aluno,
a fim de facilitar o acesso e a mobilidade. Mantenha carteiras, estantes e
mochilas sempre na mesma ordem, comunique alterações previamente e sinalize os
objetos para que sejam facilmente reconhecidos.
O aluno cego tem direito a usar materiais adaptados, como livros
didáticos transcritos para o braile ou a reglete para escrever durante as
aulas. Antecipe a adaptação dos textos junto dos educadores responsáveis pela
sala de recursos, que deve contar com máquinas braile, impressora e
equipamentos adaptados.
A alfabetização em braile das crianças com cegueira total ou graus
severos de deficiência visual é simultânea ao processo de alfabetização das
demais crianças na escola, mas com o suporte essencial do Atendimento
Educacional Especializado (AEE).
Vale lembrar que, de acordo com o Decreto 6.571,
de 17 de setembro de 2008, o Estado tem o dever de oferecer apoio técnico e
financeiro para que o atendimento especializado esteja presente em toda a rede
pública de ensino. Mas cabem ao gestor da escola e às Secretarias de Educação a
administração e o requerimento dos recursos para essa finalidade.
Oferecer ambientes adaptados, com sinalização em braile, escadas
com contrastes de cor nos degraus, corredores desobstruídos e piso tátil, é
mais uma medida importante para a inclusão de deficientes visuais. O entorno da
escola também deve ser acessível, com a instalação de sinais sonoros nos
semáforos e nas áreas de saída de veículos próximas da escola.
Todos os padrões de adaptação física da escola para receber alunos
com deficiência estão no documento elaborado pela Associação Brasileira de
Normas Técnicas “NBR 9050 - Acessibilidade a edificações,
mobiliário, espaços e equipamentos urbanos”.
O que é surdo-cegueira?
A pessoa surdo-cega é "aquela
que tem uma perda substancial da visão e da audição, de tal forma que a
combinação das duas deficiências cause extrema dificuldade na conquista de
metas educacionais, vocacionais, de lazer e sociais", como consta nos
documentos da I Conferência Mundial Helen Keller sobre Serviços para os
Surdo-cegos Jovens e Adultos.
Segundo informações do Instituto Benjamim Constant, do Rio de Janeiro,
o comprometimento simultâneo de ambos os sentidos varia de pessoa para pessoa.
Alguns surdo-cegos têm audição residual e até a fala, nos casos em que a surdez
evoluiu depois de o indivíduo já ter adquirido a linguagem oral (os chamados
“pós-simbólicos”). Os casos mais graves são os “pré-simbólicos”, de
surdo-cegueira congênita ou adquirida antes da aquisição da linguagem. Estes,
sem dúvida, precisam de mais atenção para desenvolver formas alternativas de
comunicação.
Como lidar com a surdo-cegueira na
escola?
Para a psicopedagoga especialista em Educação Inclusiva, Daniela
Alonso, crianças com surdo-cegueira costumam apresentar problemas na
comunicação e na mobilidade. Podem, também, demonstrar reações de isolamento ou
ser hiperativas. Por isso, contar com o atendimento educacional especializado
(AEE) é primordial para a inclusão, para melhorar da qualidade de vida da
pessoa surdo-cega e para a orientação dos educadores. É importante lembrar que
cada caso é único e cada criança precisa ser estimulada com base em suas
habilidades, respeitando-se os tempos de aprendizagem de cada um.
O documento do Ministério da Educação, “Saberes e práticas da
inclusão. Dificuldades de comunicação e sinalização: surdo-cegueira e múltipla
deficiência sensorial”, diz que o desenvolvimento da comunicação dos alunos
surdo-cegos exige atendimento especializado, com estimulação específica e
individualizada. Vale lembrar que, quanto mais precoces forem os estímulos,
maiores são as chances de a criança adquirir comportamentos sociais adequados e
usar os sentidos remanescentes com o melhor aproveitamento possível.
A grande dificuldade das crianças surdo-cegas está, justamente, em
desenvolver um modo de aprendizado que compense a desvantagem visual e auditiva
e permita o relacionamento com o mundo. Por isso, explorar as potencialidades
dos sentidos remanescentes (tato, paladar e olfato) é essencial para a
orientação e a percepção, tanto na escola, quanto fora dela. Tornar a escola um
espaço fisicamente acessível para essas crianças mais um passo imprescindível
para acolhê-las adequadamente.
Uma das alternativas de comunicação para os surdo-cegos
pós-simbólicos consiste no sistema Tadoma, também conhecido como “Braille
Tátil”. Nessa técnica a pessoa utiliza as mãos para sentir os movimentos da
boca, do maxilar e a vibração da garganta do falante, e assim consegue
interpretar o que é dito.
Para os surdo-cegos pré-simbólicos, o uso do tato também é
fundamental. Antecipar algumas sensações e permitir que sintam a forma dos
objetos, associando-os a funções correlatas – a escova de dente indica um
momento de higiene ou a colher anuncia que uma refeição será servida, por
exemplo - facilita a orientação e propicia um conforto maior para a criança.
O que é a Síndrome de Asperger?
A Síndrome de Asperger é um
Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD), resultante de uma desordem
genética, e que apresenta muitas semelhanças com relação ao autismo.
Ao contrário do que ocorre no autismo, contudo, crianças com
Asperger não apresentam grandes atrasos no desenvolvimento da fala e nem sofrem
com comprometimento cognitivo grave. Esses alunos costumam escolher temas de
interesse, que podem ser únicos por longos períodos de tempo - quando gostam do
tema "dinossauros", por exemplo, falam repetidamente nesse assunto.
Habilidades incomuns, como memorização de sequências matemáticas ou de mapas,
são bastante presentes em pessoas com essa síndrome.
Na infância, essas crianças apresentam déficits no desenvolvimento
motor e podem ter dificuldades para segurar o lápis para escrever. Estruturam
seu pensamento de forma bastante concreta e não conseguem interpretar metáforas
e ironias - o que interfere no processo de comunicação. Além disso, não sabem
como usar os movimentos corporais e os gestos na comunicação não-verbal e se
apegam a rituais, tendo dificuldades para realizar atividades que fogem à
rotina.
Como lidar com a Síndrome de Asperger na escola?
As recomendações são semelhantes às do autismo. Respeite o tempo
de aprendizagem do aluno e estimule a comunicação com os colegas. Converse com
ele de maneira clara e objetiva e apresente as atividades visualmente, para
evitar ruídos na compreensão do que deve ser feito.
Também é aconselhável explorar os temas de interesse do aluno para
abordar novos assuntos, ligados às expectativas de aprendizagem. Se ele tem uma
coleção de carrinhos, por exemplo, utilize-a para introduzir o sistema de
numeração. Ações que escapam à rotina devem ser comunicadas antecipadamente.
O que é a Síndrome de Williams?
A Síndrome de Williams é uma
desordem no cromossomo 7 que atinge crianças de ambos os sexos. Desde o
primeiro ano de vida, essas crianças costumam irritar-se com facilidade - boa
parte tem hipersensibilidade auditiva - e demonstram dificuldades para se
alimentar. Problemas motores e falta de equilíbrio também são comuns - demora
para começar a andar, incapacidade para cortar papel, amarrar os sapatos ou
andar de bicicleta, por exemplo. Por outro lado, há um grande interesse por
música, boa memória auditiva e muita facilidade na comunicação. Pessoas com
essa síndrome sorriem com frequência, utilizam gestos e mantêm o contato visual
para comunicar-se.
Problemas cardíacos, renais e otites frequentes costumam acometer
crianças com essa síndrome. Por isso, é importante manter um acompanhamento
clínico para evitar o agravamento de doenças decorrentes. Na adolescência,
escolioses também podem aparecer.
Como lidar com a Síndrome de Williams na escola?
A sociabilidade não é um problema para crianças com Síndrome de Williams. Mas é
preciso tomar cuidado com a ansiedade desses alunos. Geralmente eles se
preocupam demais com determinados assuntos. Conte com o apoio do Atendimento
Educacional Especializado (AEE) e respeite o tempo de aprendizagem de cada um.
Atividades com música atraem a atenção dessas crianças, tanto pela
sensibilidade auditiva, quanto pela boa memória.
Também é comum que crianças com síndrome de Williams procurem
fazer amizades com adultos e não se aproximem tanto das crianças da mesma
idade. Estimular o contato do aluno com os colegas, portanto, é fundamental
para o desenvolvimento escolar.
O que é a Síndrome de Rett?
Síndrome de Rett é uma doença neurológica provocada por uma
mutação genética que atinge, na maioria dos casos, crianças do sexo feminino.
Caracteriza-se pela perda progressiva de funções neurológicas e motoras após
meses de desenvolvimento aparentemente normal - em geral, até os 18 meses de
vida. Após esse período, as habilidades de fala, capacidade de andar e o
controle do uso das mãos começam a regredir, sendo substituídos por movimentos
estereotipados, involuntários ou repetitivos. Palavras aprendidas também são
esquecidas, levando a uma crescente interrupção do contato social. A
comunicação para essas meninas gradativamente se dá apenas pelo olhar.
É comum que a criança com Síndrome
de Rett fique "molinha" e apresente desaceleração do crescimento.
Distúrbios respiratórios e do sono também são comuns, especialmente entre os 2
e os 4 anos de idade. A partir dos 10 anos, o aparecimento de escolioses e de
rigidez muscular fazem com que muitas crianças percam totalmente a mobilidade.
Isso, associado a quadros mais ou menos graves de deficiência intelectual.
Como lidar com essas
crianças na escola?
É preciso criar estratégias para que as meninas com Síndrome de Rett possam
aprender. O principal é estabelecer sistemas de comunicação que ajudem a
criança - como placas com desenhos e palavras, para que ela possa indicar o que
deseja.
A escola deve ser um espaço
acessível, já que muitas crianças com essa síndrome necessitam de equipamentos
para caminhar.
Respeite o tempo de aprendizagem de
cada criança e conte com a ajuda do Atendimento Educacional Especializado
(AEE). Faça ajustes nas atividades sempre que necessário e procure apresentar
os conteúdos de maneira bem visual, para facilitar a compreensão.
O que são os Transtornos Globais do Desenvolvimento
(TGD)?
Os Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) são distúrbios nas
interações sociais recíprocas que costumam manifestar-se nos primeiros cinco
anos de vida. Caracterizam-se pelos padrões de comunicação estereotipados e
repetitivos, assim como pelo estreitamento nos interesses e nas atividades.
Os TGD englobam os diferentes
transtornos do espectro autista, as psicoses infantis, a Síndrome de Asperger,
a Síndrome de Kanner e a Síndrome de Rett.
Com relação à interação social,
crianças com TGD apresentam dificuldades em iniciar e manter uma conversa.
Algumas evitam o contato visual e demonstram aversão ao toque do outro,
mantendo-se isoladas. Podem estabelecer contato por meio de comportamentos
não-verbais e, ao brincar, preferem ater-se a objetos no lugar de movimentar-se
junto das demais crianças. Ações repetitivas são bastante comuns.
Os Transtornos Globais do
Desenvolvimento também causam variações na atenção, na concentração e,
eventualmente, na coordenação motora. Mudanças de humor sem causa aparente e
acessos de agressividade são comuns em alguns casos. As crianças apresentam
seus interesses de maneira diferenciada e podem fixar sua atenção em uma só
atividade, como observar determinados objetos, por exemplo.
Com relação à comunicação verbal,
essas crianças podem repetir as falas dos outros - fenômeno conhecido como
ecolalia - ou, ainda, comunicar-se por meio de gestos ou com uma entonação
mecânica, fazendo uso de jargões.
Como lidar com o TGD na
escola?
Crianças com transtornos de desenvolvimento apresentam diferenças
e merecem atenção com relação às áreas de interação social, comunicação e
comportamento. Na escola, mesmo com tempos diferentes de aprendizagem, esses
alunos devem ser incluídos em classes com os pares da mesma faixa etária.
Estabelecer rotinas em grupo e
ajudar o aluno a incorporar regras de convívio social são atitudes de extrema
importância para garantir o desenvolvimento na escola. Boa parte dessas
crianças precisa de ajuda na aprendizagem da autorregulação.
Apresentar as atividades do
currículo visualmente é outra ação que ajuda no processo de aprendizagem desses
alunos. Faça ajustes nas atividades sempre que necessário e conte com a ajuda
do profissional responsável pelo Atendimento Educacional Especializado (AEE).
Também cabe ao professor identificar as potências dos alunos. Invista em ações
positivas, estimule a autonomia e faça o possível para conquistar a confiança
da criança. Os alunos com TGD costumam procurar pessoas que sirvam como 'porto
seguro' e encontrar essas pessoas na escola é fundamental para o
desenvolvimento.
O que é paralisia cerebral?
A paralisia cerebral é uma lesão cerebral que acontece, em geral,
quando falta oxigênio no cérebro do bebê durante a gestação, no parto ou até
dois anos após o nascimento - neste caso, pode ser provocada por traumatismos,
envenenamentos ou doenças graves, como sarampo ou meningite.
Dependendo do local do cérebro onde
ocorre a lesão e do número de células atingidas, a paralisia danifica o funcionamento
de diferentes partes do corpo. A principal característica é a espasticidade, um
desequilíbrio na contenção muscular que causa tensão e inclui dificuldades de
força e equilíbrio. Em outras palavras, a lesão provoca alterações no tônus
muscular e o comprometimento da coordenação motora. Em alguns casos, há também
problemas na fala, na visão e na audição.
Ter uma lesão cerebral não
significa, necessariamente, ser acometido de danos intelectuais, mas em 75% dos
casos as crianças com paralisia cerebral acabam sofrendo comprometimentos
cognitivos.
Como lidar com a paralisia cerebral na escola?
Para dar conta das restrições motoras da criança com paralisia cerebral, vale
adaptar os espaços da escola para permitir o acesso de uma cadeira de rodas,
por exemplo. Na sala de aula use canetas e lápis mais grossos, envoltos em
espuma e presos com elástico para facilitar o controle do aluno. Os papeis são
fixados em pranchetas para dar firmeza e as folhas avulsas, nesse caso, são
mais recomendáveis que os cadernos. O professor deve escrever com letras
grandes e pedir para que o aluno com paralisia cerebral sente-se na frente, se
possível, com uma carteira inclinada, que dá mobilidade e facilita a escrita.
Se o aluno apresentar problemas na
fala e na audição, providencie uma prancha de comunicação, para que ele se
expresse pela escrita. Caso isso não seja possível, o professor pode preparar
cartões com desenhos ou fotos de pessoas e objetos significativos para o aluno,
como os pais, os colegas, o professor, o time de futebol, diferentes comidas, o
abecedário e palavras-chave, como "sim", "não",
"sede", "banheiro", "entrar", "sair"
etc. Assim, para indicar o que quer ou o que sente, o aluno aponta para as
figuras.
Em alguns casos, a criança com
paralisia cerebral também precisa de um cuidador que a ajude a ir ao banheiro
ou a tomar o lanche. Mas, vale lembrar, que todos devem estimular a autonomia
da criança, respeitando suas dificuldades e explorando seus potenciais.
O que é o autismo?
O autismo, também chamado de Transtorno do Espectro Autista, é um
Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD) que tem influência genética e é
causado por defeitos em partes do cérebro, como o cerebelo, por exemplo.
Caracteriza-se por dificuldades
significativas na comunicação e na interação social, além de alterações de
comportamento, expressas principalmente na repetição de movimentos, como
balançar o corpo, rodar uma caneta, apegar-se a objetos ou enfileirá-los de
maneira estereotipada. Todas essas alterações costumam aparecer antes mesmo dos
3 anos de idade, em sua maioria, em crianças do sexo masculino.
Para o autista, o relacionamento com
outras pessoas costuma não despertar interesse. O contato visual com o outro é
ausente ou pouco frequente e a fala, usada com dificuldade. Algumas frases
podem ser constantemente repetidas e a comunicação acaba se dando,
principalmente, por gestos. Por isso, evita-se o contato físico no
relacionamento com o autista - já que o mundo, para ele, parece ameaçador.
Insistir neste tipo de contato ou promover mudanças bruscas na rotina dessas
crianças pode desencadear crises de agressividade.
Para minimizar essa dificuldade de
convívio social, vale criar situações de interação. Respeite o limite da
criança autista, seja claro nos enunciados, amplie o tempo para que ele realize
as atividades propostas e sempre comunique mudanças na rotina antecipadamente.
A paciência para lidar com essas crianças é fundamental, já que pelo menos 50%
dos autistas apresentam graus variáveis de deficiência intelectual. Alguns, ao
contrário, apresentam alto desempenho e desenvolvem habilidades específicas -
como ter muita facilidade para memorizar números ou deter um conhecimento muito
específico sobre informática, por exemplo. Descobrir e explorar as
'eficiências' do autista é um bom caminho para o seu desenvolvimento.
O que é Síndrome de Down?
A Síndrome de Down é definida por uma alteração genética
caracterizada pela presença de um terceiro cromossomo de número 21, o que
também é chamado de trissomia do 21. Trata-se de uma deficiência caracterizada
pelo funcionamento intelectual inferior à média, que se manifesta antes dos 18
anos. Além do déficit cognitivo e da dificuldade de comunicação, a pessoa com
Síndrome de Down apresenta redução do tônus muscular, cientificamente chamada
de hipotonia. Também são comuns problemas na coluna, na tireoide, nos olhos e
no aparelho digestivo. Muitas vezes, a criança com essa deficiência nasce com
anomalias cardíacas, solucionáveis com cirurgias.
A origem da Síndrome de Down é de
difícil identificação e engloba fatores genéticos e ambientais. As causas são
inúmeras e complexas, envolvendo fatores pré, peri e pós-natais.
A Síndrome de Down na sala
de aula
A primeira regra para a inclusão de
crianças com Down é a repetição das orientações em sala de aula para que o
estudante possa compreendê-las. "Ele demora um pouco mais para
entender", afirma Mônica Leone Garcia, da Secretaria Municipal de Educação
de São Paulo. O desempenho melhora quando as instruções são visuais. Por isso,
é importante reforçar comandos e solicitações com modelos que ele possa ver, de
preferência com ilustrações grandes e chamativas, com cores e símbolos de fácil
compreensão.
A linguagem verbal, por sua vez,
deve ser simples. Uma dificuldade de quem tem a síndrome, em geral, é cumprir
regras. "Muitas famílias não repreendem o filho quando ele faz algo
errado, como morder e pegar objetos que não lhe pertencem", diz Mônica.
Não faça isso. O ideal é adotar o mesmo tratamento dispensado aos demais.
"Eles têm de cumprir regras e fazer o que os outros fazem. Se não
conseguem ficar o tempo todo em sala, estabeleça combinados, mas não seja
permissivo."
Mantenha as atividades no nível das
capacidades da criança, com desafios gradativos. Isso aumenta o sucesso na
realização dos trabalhos. Planeje pausas entre as atividades. O esforço para
desenvolver atividades que envolvam funções cognitivas é muito grande. Às
vezes, o cansaço da criança faz com que as atividades pareçam missões
impossíveis. Valorize sempre o empenho e a produção. Quando se sente isolada do
grupo e com pouca importância no trabalho e na rotina escolares, a criança
adota atitudes reativas, como desinteresse, descumprimento de regras e
provocações.
Dia Internacional da
Síndrome de Down
Em 2006, a associação Down
Syndrome International instituiu
o dia 21 de março como o Dia Internacional da Síndrome de Down. A data foi
escolhida por ser grafada como 21/3, que faz alusão à trissomia do cromossomo
21.
Como funciona o sistema Braille?
O sistema Braille é um processo de escrita e leitura baseado em 64
símbolos em relevo, resultantes da combinação de até seis pontos dispostos em
duas colunas de três pontos cada. Pode-se fazer a representação tanto de
letras, como algarismos e sinais de pontuação. Ele é utilizado por pessoas
cegas ou com baixa visão, e a leitura é feita da esquerda para a direita, ao
toque de uma ou duas mãos ao mesmo tempo.
O código foi criado pelo francês
Louis Braille (1809 - 1852), que perdeu a visão aos 3 anos e criou o sistema
aos 16. Ele teve o olho perfurado por uma ferramenta na oficina do pai, que
trabalhava com couro. Após o incidente, o menino teve uma infecção grave,
resultando em cegueira nos dois olhos.
O Brasil conhece o sistema desde
1854, data da inauguração do Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro,
chamado, à época, Imperial Instituto dos Meninos Cegos. Fundado por D. Pedro
II, o instituto já tinha como missão a educação e profissionalização das
pessoas com deficiência visual. "O Brasil foi o primeiro país da América
Latina a adotar o sistema, trazido por José Álvares de Azevedo, jovem cego que
teve contato com o Braille em Paris", conta a pedagoga Maria Cristina
Nassif, especialista no ensino para deficiente visual da Fundação Dorina
Nowill.
O código Braille não foi a primeira
iniciativa que permitia a leitura por cegos. Havia métodos com inscrições em
alto-relevo, normalmente feito por letras costuradas em papel, que eram muito
grandes e pouco práticos. Quatro anos antes de criar seu método, Louis Braille
teve contato com um capitão da artilharia francesa que havia desenvolvido um
sistema de escrita noturna, para facilitar a comunicação secreta entre
soldados, já utilizando pontos em relevo. Braille simplificou esse trabalho e o
aprimorou, permitindo que o sistema fosse também utilizado para números e
símbolos musicais.
O Braille hoje já está difundido
pelo mundo todo e, segundo pesquisa "Retratos da Leitura no Brasil",
de 2008, do Instituto Pró-Livro, 400 mil pessoas leem Braille no Brasil. Não é
possível, segundo o Instituto Dorina Nowill, calcular em porcentagem o que
esses leitores representam em relação à quantidade total de deficientes visuais
no país. Isso porque o censo do ano 2000, realizado pelo IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística), aponta que há 169 mil pessoas cegas e
2,5 milhões de pessoas com baixa visão. No entanto, este último grupo é muito
heterogêneo - há aqueles que enxergam apenas 1% e, portanto, poderiam ler
apenas em Braille, como pessoas que enxergam 30% e podem utilizar livros com
letras maiores.
A falta de informação é ainda o
principal problema que Maria Cristina percebe em relação ao Braille.
"Muitos professores acham que é simples ensinar o Braille a um aluno cego.
No entanto, a alfabetização com esse sistema tem suas especificidades, e o
professor, para realizar essa tarefa com êxito, tem de buscar ajuda",
explica a especialista.
Hoje institutos como o Benjamin
Constant, o Dorina Nowill e muitos outros pelo país oferecem programas de
capacitação em Braille e dispõem de vasto material sobre o assunto.
Como passar informações de alunos com
deficiência para a coordenação?
Faça um relatório com a adequação curricular e os objetivos do
trabalho, de maneira a ajudar o professor do ano seguinte a planejar novos
desafios de acordo com as possibilidades do estudante. Em uma ficha, relate
suas habilidades, os atendimentos que recebe, as instituições que já
frequentou, as ações que deram certo e as aprendizagens alcançadas. Inclua os
registros dos cuidadores e dos profissionais do Atendimento Especializado
(AEE). A ficha pode ser anexada ao protocolo de AEE.